terça-feira, 1 de julho de 2008

Ensaio sobre pardais

Pardais são assim: alegres. Naturalmente. E nem se importam com isso; também, nem poderiam... Seu estado de eterna felicidade não os permite pensar muito nas causas. Vivem apenas. E não venham dizer com isso que nem por um minuto eles por acaso sejam inconseqüentes! De modo algum! É porque realmente não é do feitio deles mesmo.



Eles sempre voam em bandos, muito embora tenham uma necessidade incompreendida de não muito longos vôos solo. Independe a duração: eles tem que ao menos existir. Nessas horas, os pardais procuram alimentar-se em diferentes paragens, novos gostos. Acredita-se que isto seja o verdadeiro motivo pelo qual eles têm essa plumagem tão exubertante e única, no meio dos bichinhos que voam.



Eles costumam acasalar e montar morada cedo, mas tendem sempre a deslocarem-se, formando ninhos em diferentes lugares. Não sabe-se ao certo ainda o por quê desta conduta nômade. Talvez pela necessidade de criar novos vínculos/quebrar antigos... Mas mesmo considerando todo esse afã migratório, eles invariavelmente retornam ao local de origem ocasionalmente.



Seu canto não é dos mais conhecidos entre as aves, mas merece especial destaque. Este desconhecimento geral a respeito dele deve-se principalmente porque ele tende entoar seu canto de modo muito velado. Mas como é bonito seu canto! Agudo, afinado, repleto de vida e cores... Fosse humano e fêmea, pertenceria a uma uma belíssima voz de soprano, daquelas que fazem a gente acreditar que anjos realmente existem. Daquelas que embalam cenas bonitas em que se exibe a natureza em todo o seu esplendor.

Amo os pardais. Desmesuradamente. Descobri-os há pouco, é bem verdade, mas como viver sem eles agora?

Observo ao longe seu ninho, ouço à distância seu canto alegre, vejo com olhos míopes seu quase teatral menear de cabeça que me faz rir...

Não deveriam ser criados pardais. Há até os que tentam, mesmo com todo o cuidado do mundo, com todo o carinho, amor e dedicação. Alguns até aproximam-se da essência da vida deles, mas será mesmo? Talvez eu na verdade não esteja preparado para criar um. Ou melhor: não queira aprisionar um.

Acredito estar disposto realmente é a tornar-me um deles, para assim poder entendê-los melhor e ao deixar aflorar minha natureza-pássaro, um dia, ser feliz de fato.

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