sábado, 30 de agosto de 2008

Too much information

Não posso passar muito tempo sem escrever aqui... As idéias vão acumulando e começam a me sufocar... Amanhã eu faço um descarrego.

sábado, 23 de agosto de 2008

À la grega

Duas semanas em São Paulo (com direito a dois finais de semana inteiros) mexem com qualquer um. O burburinho da cidade, as cores maravilhosas, a pulsação, a clara idéia de que a cidade realmente tem vida própria...
Amo esta cidade. Sua solidão consentida, suas ladeiras, seus escuros e ermos permitidos e abertos ao libidinoso.

Ontem fui jantar em mais um desses lugares onde tem-se a certeza que só poderia estar-se em Sampa: Acrópolis.

O proprietário do lugar (que já existe há mais de 50 anos), é um "senhorzinho bonitinho", como diria uma querida amiga, que serve a todos pessoalmente, com um carinho inacreditável para um lugar que funciona todos os dias, inclusive aos domingos...

O restaurante já nos pega pelo inusitado: não tem cardápio. Você vai até a cozinha e escolhe no olho o que quer. Mas uma coisa é certa: ir até lá e não experimentar a musaka (uma espécie de lazanha com queijo gratinado, berinjela e algo mais que esqueço agora) é simplesmente inescusável. Musaka é a versão definitiva de (excelente) sexo em forma de comida. Simplesmente divino.

O lugar tem um charme todo especial pela simplicidade, mas o dono, sr. Petrakis, é algo à parte.

Jeito de vô que viu o mundo todo e passa o filme dos melhores momentos ininterruptamente em suas íris pra gente assistir embevecido, de fala fácil muito embora difícil de entender seu português, o polegar discretamente colocado sobre o pão para ter certeza de que o mesmo está quente, o jeito de servir quase de um pai sentado à mesa e dividindo a comida entre os filhos respeitosos e famintos.

E como esse mundo mundo vasto mundo não poderia deixar de reservar mais uma de suas sobejas ironias, ele é casado com uma pernambucana. Epa!!!!

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

E mais Titãs...

Final dos anos 80...
Muita música, muitas idéias e muitos sentimentos. O engraçado é que alguns só agora eu estou entendendo e resolvendo, mas enfim...

Medo

Precisa perder o medo do sexo
Precisa perder o medo da morte
Precisa perder o medo da música
Precisa perder o medo da música
O que se vê não se via
O que se crê não se cria
Precisa perder o medo da musa
Precisa perder o medo da ciência
Precisa perder o medo da perda
Da consciência
O que se vê não se via
O que se crê não se cria
Precisa perder o medo de mim
Precisa perder o medo de mim
Precisa perder o medo da música
Precisa perder o medo da música
O que se vê não se via
O que se crê não se cria
Medo medo medo medo
O que se crê não se cria
Precisa perder o medo da musa
Precisa perder o medo da musa
Precisa perder o medo da música
Precisa perder o medo da música
Medo medo medo medo
O que se crê não se cria


Precisamos perder esses medos todos. Pra sempre.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

E mais palavras...

Desta vez, socorrem-me os Titãs.
Bem apropriado, pensando bem. À altura da tarefa.
As coisas que falam por si teimam em ser ditas, não há escapatória. Sentimentos virarem palavras definitivamente não é um processo fácil, muito menos indolor.
Mas as coisas pulsam, e seu pulsar condiciona-se à necessidade de dar-se vazão às mesmas.
E para isto, apenas palavras.
Bem entendidas ou não. Bem aceitas, quem sabe.
Mas necessárias, como são todas as coisas que realmente importam. Ou mais até: imprescindíveis.


Palavras

Palavras não são más
Palavras não são quentes
Palavras são iguais
Sendo diferentes

Palavras não são frias
Palavras não são boas
Os números pra os dias
E os nomes pra as pessoas

Palavra eu preciso
Preciso com urgência
Palavras que se usem
em caso de emergência

Dizer o que se sente
Cumprir uma sentença
Palavras que se diz
Se diz e não se pensa

Palavras não têm cor
Palavras não têm culpa
Palavras de amor
Pra pedir desculpas

Palavras doentias
Páginas rasgadas
Palavras não se curam
Certas ou erradas

Palavras são sombras
As sombras viram jogos
Palavras pra brincar
Brinquedos quebram logo

Palavras pra esquecer
Versos que repito
Palavras pra dizer
De novo o que foi dito

Todas as folhas em branco
Todos os livros fechados
Tudo com todas as letras
Nada de novo debaixo do sol

domingo, 3 de agosto de 2008

POP!

Acabo de descobrir que aquele grão de milho que não vira pipoca atende pelo singelo (e esquisito) nome de "mururu". É o autêntico "vir a ser".

Existem sentimentos mururus. Ou melhor, pessoas que permitem-se viver sentimentos mururus. Não sei se por medo, não sei se por conveniência, talvez por não quererem mesmo. Ou por diversão, vai-se entender as idéias que vivem nas cabeças das gentes...

Só sei que eu adoro pipoca. E faço bem, por sinal. Não deixo nenhum mururu. Nunca.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Geral

Alguém aí já se sentiu como um playground?

O Plano...

Ontem fui a uma loja dessas onde vendem acessórios para celulares, pois eu estava realmente precisando trocar o fone de ouvido do meu. Sou atendido por uma moça muito simpática, novinha.
Ela me vende por um preço até legal.

- É Nokia original, benção!

Finda a venda, pergunta se eu aceito um papel "com a palavra de Jesus". Crente. Pra ser simpático aviso que minha mãe e meu irmão são presbiterianos. E vou logo dizendo que "sou meio banda voou" - pois pensei que vai que dissesse que era budista, corria o risco de sei lá, um exorcismo, nunca se sabe...
Mas ela, muito crente, me diz:

- Benção, mas tenha certeza que Jesus tem um plano para você.

Saí pensando nisso. Andando e pensando. Pô, plano pra mim? Será que eu poderia ao menos ter o direito de saber qual seria este bendito plano? Ironias à parte, não me agrada nem um pouco a possibilidade de que todos os meus passos, minhas falas, tudo enfim esteja seguindo um roteiro. Não que a esta altura da minha vida eu não me divirta bastante com as enormes "coincidências" que tem acontecido - principalmente no presente momento e passado recente - e que não me furte de pensar que parecem coisas realmente orquestradas...

Uma pausa: na sequência, andei ainda feito um condenado por vários lugares em busca de um controle remoto novo para o alarme do carro, que encontrei numa loja na qual uma pessoa vira pra mim e pergunta: você é Marcilio, né? Ainda toca? E calha de ser exatamente o irmão de uma pessoa maravilhosa e com a qual tive o enorme prazer e privilégio de conviver, deixando um rastro de coisas muito boas em mim. Há tempos venho tentando localizá-la, pois os caminhos e as circunstâncias da vida levaram-na pra bem longe - e eu nem sabia o quanto, geograficamente. Ou seja: mais passado, mais coincidências.

Voltando ao tal "plano", agora nas minhas divagações noturnas, mesmo com todas as pessoas-bumerangues, histórias-bumerangues, continuo relutante à aceitação da idéia de algo pré-determinado que norteie as vidas das gentes. Essa coisa determinística não me agrada o juízo. Tudo bem, confesso que às vezes me vejo meio entre estes dois mundos (o real e outro de dimensões paralelas e quase surreais), mas acho que no final de tudo, essa coisa toda acaba sendo uma só. Facetas de um diamante: mudam o ver, mas o sentir-essência permanece rigorosamente o mesmo.

Mas agora me bateu: e se o fato de estar escrevendo exatamente neste momento sobre a negação do Destino não estaria eu exatamente corroborando sua existência?

Bem, na dúvida, vou salvar o post, fazer pipoca e ver Carl Segan falando em "Cosmos" (que por sinal, quem quiser comprar o pacote de DVDs ou baixar mesmo, recomendo muito fortemente. Mesmo para os que não são aficcionados por Astronomia. Além de um texto poético, a fotografia - no que meus olhos de leigo permitem captar, claro - é massa e a sua visão de que todos não passamos de "poeira cósmica" - o que em última instância é a mais absoluta verdade - nos remetendo à necessidade de enxergamos tudo no universo como parte de nós mesmos e vice-versa já vale o tempo dispendido para devorar os 13 episódios de 1 hora e pouco cada).

Quem sabe assim, eu não surpreendo o Destino fazendo isso? Afinal de contas, toda minha vida me empenhei em dar sustos nele mesmo...