quinta-feira, 21 de abril de 2011

"E se?"

Sou grande
Sou pequeno
Sou do tamanho que cabe
num coração.
Miudinho, assim, coisa à toa;
Enorme. Gigante. Sem ser espaçoso.
Na medida exata dos sentires, dos quereres e de tudo,
enfim,
que puderes.

terça-feira, 19 de abril de 2011

De precipícios, vielas escuras e dias de sol

Amar.
Amar não, se apaixonar.
Andar em bicicleta feita de nuvens: a gente nunca esquece como se faz e sempre com uma leveza indizível, mas sempre lá do alto. A um pequeno passo para a queda. Mas nem, nem...
Nosso querer é maior, nosso desejo suplanta e supera tudo. Quem há de entender-me se nunca se apaixonou verdadeiramente? Aquela, visceral, quase irresponsável, no sentido mais estrito possível.
Os dias passam por ruas escuras, às vezes... Estreitas, que nos obrigam a endireitar bem a coluna e nos espremer para poder atravessar o caminho. Passam os dias, passam os passos, e em algum momento, vê-se sol novamente.
E lembramos que tem céu, e que tem nuvens, e que delas, dá sempre pra fazer uma bicicleta.
É só ter disposição.
E sorte.

domingo, 10 de abril de 2011

Duplas trocas (ou Como ver que entender um pouco mais as relações humanas pode acontecer numa aula de Química. Ou Português)

Dia desses eu estava conversando com uma amiga no msn e ela me saiu com o seguinte:

"as pessoas, as coisas...q passam pela vida da gente... levam alguma coisa de nós e deixam alguma coisa delas"

Parei. Melhor, travei... Da melhor forma possível, puxando o freio de mão para poder ruminar sobre o que ela havia escrito. Uma frase que pode, agora, fora do contexto da conversa que rolava, parecer até meio óbvia. Nunca banal. Nem muito menos tão "óbvia" assim...

Ser pensante que sou, me permiti pensar sobre aquilo e na hora me veio de imediato à mente a lembrança de uma aula de química, sobre duplas trocas. E decidi pesquisar a respeito. Fiquei de cara... Primeiro por descobrir que essas trocas também atendem pelo singelo nome de metátese. Conceito que também existe na linguagem, quando "uma palavra muda a ordem das letras, para facilitar a articulação da mesma". Muda para ficar mais fácil; muda para ser o mesmo. Como em "contrairo" (português arcaico) que transformou-se em "contrário"...

Mergulhando um pouco mais na química, me dou conta de que as relações de dupla troca ilustram exatamente o que minha amiga havia dito, pois na Química (assim como nas relações humanas, em especial as afetivas), dois compostos reagem, permutando entre si dois elementos ou radicais, gerando dois novos compostos...

Borges disse que “só aquilo que se foi é o que nos pertence.” E assim, misturando tudo, no meu processo alquímico pessoal, coloco tudo num cadinho, e observo como essas coisas reagem dentro de minha cabeça, me tornando mais capaz de entender melhor a mim mesmo e aos outros.

Nada fica perdido no ar, nem nas brumas do passado. Temos a sensação/esperança que algumas coisas ficarão para sempre dentro de nós, e nos decepcionamos em parte quando nos damos conta de que a vida se encarrega de transformar, às vezes a custa de muito sofrer, coisas "eternas" em "meros" momentos vividos. A sombra da desesperança ameaça pairar por sobre nossos sonhos e momentos maravilhosos vividos, que lutamos para que se eternizem, o que é impossível.

Mas, justamente no auge desse sentimento, a idéia de que as coisas nunca vão de fato de dentro de nós (ou se vão, deixando suas marcas, conscientemente ou não) surge como um alento, dando novas perspectivas.

Não quero fazer com isso nenhuma apologia à descartabilidade dos desejos mais profundos, dado a inevitável condição de impermanência das coisas. Não. Mas entender que as coisas acabam, e delas fruir tudo, até a última gota, sabendo agora que elas vão estar sempre, de alguma forma incutidas na minha essência, a partir justamente do momento da partida - pois o processo só se finda e realiza com essa "decomposição/recomposição" - torna a vida algo mais palatável...

Viver intensamente tudo, sem ser inconsequente, em especial no campo afetivo, é necessário. Mesmo que perigosamente flertando com a pós-moderna vida líquida de Bauman. Mas, no fundo, não há nada mais sólido e moderno do que aceitar as coisas que nos chegam e (re)conhecer nelas algo que nos modifica e pode nos tornar melhores, na exata medida que queiramos que isso aconteça. Interpretar o mundo dessa forma ajuda a aceitar melhor as partidas (sem jamais deixar de vivenciar os lutos necessários); a lidar com as frustrações por não conseguirmos manter nada de que realmente gostamos de modo permanente na nossa frente, pois se mesmo uma simples pergunta nos faz pensar que ao ser respondida, já perdeu toda a essência, pois como Rosenzweig afirma "a resposta é dada por uma pessoa inevitavelmente diferente daquela a quem foi feita a pergunta, e ela é dada a alguém que mudou desde que perguntou. É impossível saber a profundidade dessa mudança"...

Diante de tanta volatilidade, o que nos resta é viver. Muito. Agora. E esperar que o tempo, velho senhor de todas as coisas, nos mostre o que de fato ficará no balanço final de todas as coisas vividas.


sexta-feira, 1 de abril de 2011

Todo pasa...

Por maior, mais intenso, mais visceral, mais verdadeiro, mais mágico, mais encantador, mais sincrônico, mais desejado, mais planejado, mais sublime, mais querido, todo amor passa.

A viver entre "não se afobe não" e "uma pedra no meu peito", as pessoas vão seguindo seus caminhos.

E elas nunca desistem e lançam mão, ocasionalmente, do recurso da memória, ou melhor, da falta dela.

Adiante!