segunda-feira, 26 de maio de 2008

Esquerdinha...

Percorrendo o "Releituras" e me deparei com uma graça boa pra rir num domingo à noite na cama, com o notebook deitado também porque esquenta a barriga. O nome do autor é Bernardo Rodrigues, e fora uma ligeira forçada de barra na parte em que alfineta os políticos, vale umas boas risadas... Clica no título do post e vê lá.

domingo, 25 de maio de 2008

Se...

(Para ler ao som de "Um Branco, Um Xis, Um Zero", com Cássia Eller ou "It Had To Be You" com Billy Holiday)

Se tá tudo errado, então desfaz.
Se o tempo está chuvoso, fica em casa.
Se o fogo tá baixo, deixa o bolo fora senão vai solar.
Se a volta é muito grande e a grana tá curta, pede pro táxi parar e continua a pé.
Se tá fora, deixa.
Se é fácil, então resolve.
Se é feio, então tira o olho.
Se faz mal, te medica.
Se "era pra ser", deixa de estar.
Se "era uma vez", então "fim".

Campanha "Ajudem Marcilio a Não Pirar"

Tenho uma profunda relação de amor e ódio com a rede wireless de minha casa.
Adoro a praticidade de, por exemplo como agora, poder ficar na minha varanda, espiando o mundo e poder estar conectado. Mas de vez em quando essa droga cai, e parece que adivinha... Sempre quando o que escrevi vai ser postado, ou o email enviado. Aí perco o texto, fio da meada, o prumo, a compostura e tenho vontade de mandar tudo à merda, inclusive a crase.

Mas como eu estava escrevendo anteriormente quando fui mais uma vez traído por minha rede, na minha busca já antiga pela bendita crônica de Antônio Maria sobre uma mulher com a qual ele cruza na calçada, que como já escrevi li na Livraria Síntese, de pé e não comprei o livro porque era um liso de dar dó (a Síntese já era, Antônio Maria também, mas este liseu...), deparei-me com um site interessante, que como sói faço, já incluí na minha lista de favoritos:

http://www.releituras.com/index.asp

Dêem uma visitada e leiam Maria... Ele era maravilhoso... E ainda por cima, conterrâneo. Só não desculpo-o por não ter escrito "Valsa De Uma Cidade" ("Rio de Janeiro, gosto de você...") pra Recife também.
Mas tem um monte de outras coisas legais também. Confiram!

...e dei pra fazer poesias de novo.

Pois é... Depois de tantos anos, parece que estou fazendo as pazes com as palavras novamente. Então, com a devida licença, vai minha cria:


Circular

Contas
Que contam
Contos
De pedras e sementes colhidas
E que viram canteiro e plantação
No terreno-carne
Do teu pescoço;
Viraria rocha, planta, cordão e metal
Para poder roçar tua nuca
e repousar no teu seio
despudoradamente;
E ainda disfarçado de adorno,
Te envolver completa e totalmente
Enfim.

sábado, 24 de maio de 2008

Above all clouds...

(Escrito num vôo SPO/REC)

Vejo pessoas, homens, mulheres e crianças voando literalmente junto comigo, numa velocidade absurda, indo talvez pra casa, talvez fugindo dela... Como todos estão juntos, permito-me pensar que por um período de tempo (a duração do vôo) todos compartilham de um mesmo objetivo. Mas qual será verdadeiramente o meu? O que me move, de fato? O que põe-me nas alturas? O que me faz dar rasantes, loops e acrobacias para encantar a platéia e para meu próprio deleite? Não sei ao certo. Não é uma coisa apenas, penso eu, mas um monte delas. Mas essa viagem, esse vôo precisa ser solo para só então, adquirida a destreza necessária, permitir-se acompanhar. Tenho medo deste pensamento, muito embora pareça-me adequado neste momento. Pela segurança. “Senhores passageiros, permaneçam sentados e com os cintos de segurança afivelados, pois estamos atravessando uma área de turbulência”. E que turbulência.

Li numa revista: o animal satisfeito dorme. E vira presa fácil. A inquietação é que move o mundo. O questionamento, a dúvida, o perseguir as respostas, que nunca serão nem absolutamente certas nem tampouco definitivas é mais do que um fim em si, mas talvez mais o que compele o moto-contínuo que é a vida da gente.

Como alguns não conseguem viver esse afã? Como achar-se pronto e acabado? Desprezar todos os filósofos, os que passaram a vida toda pensando e eternizaram-se através do fomento à busca de respostas? Como não deixar-se ser praticamente violentado por todas as coisas, cores, sons e cheiros que habitam esse mundo, mundo, vasto mundo?

Já me chamaram de disperso, viajado, disseram que me perco em elocubrações sem fim, que penso demais, que complico tudo, que não sei ser feliz... Já me disseram tudo isso e muito mais, mas nunca me perguntaram o porque disto tudo. Nem sei ao certo se saberia responder. Mas com certeza teria uma contra-pergunta na ponta da língua: e porque VOCÊ não é assim também?

O caminhar tende a ser bem mais interessante quando se aprecia a paisagem, ruminando as idéias, quando nos damos tempo e espaço para pensar e sentir. E isso é natural, é necessário, obrigatório.

Não ser mais uma alma no arrebol, ser um ser pensante, vivente e "sentinte". Esse é meu caminho, carma e prazer.
(Pensando bem, ao invés de vôo, navegar a dois talvez fosse bem melhor... Quem sabe pelas Ilhas Gregas, apenas com o Mar a embalar e a Luz de um farol a guiar?)

Parafraseando Pessoa

Todas as canções de amor são ridículas. Não há exceção honrosa. Ao mesmo tempo, são necessárias. Absurdamente. Pegamos emprestados a alma, a inspiração do autor, do cantor para nós mesmos. Tomamos carona nos versos musicados alheios despudoradamente, na cara-de-pau mesmo. A gente precisa cantar o amor, a paixão, a desilusão, a solidão... Esta normalmente não faz-se de musa com muita freqüência. Todos fogem dela, como da morte. Essa então, coitada, ninguém canta. Nem os mais inspirados deprimidos.

A graça mora no belo, mas sem esquecer jamais que o feio precisa existir, mais do que pela simples necessidade de um contraponto. Nesta contradança, o mal e o bem são pares. E embalados ao som de quê? Das velhas canções de amor.

Eu, por minha vez, nunca escrevi canções de amor. Nunca consegui ser ridículo o suficiente. Contentei-me ao longo do tempo em me apropriar destes latifúndios musicais vastos e extremamente produtivos. Fiz-me posseiro destas terras. E além de assentar, chamei pares, aos montes, para habitar estas paragens... E fui muito feliz todas as vezes. E fiz felizes seres também. O problema? O problema porém foi sempre ter que levantar acampamento no meio da noite, pro meio do nada... E para isto não há canções que me acompanhem, me dêem guarida nem desculpa.
E sigo cantando o amor, sempre através das mesmas canções. Das mesmas deliciosamente ridículas canções de amor...

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Palavras, palavras, palavras

Adoro palavras.
Adoro palavras lidas em voz alta pra ouvir o som e passar a poesia.
Odeio voçê, agente, embreagado e musica baiana, não necessariamente nesta ordem...
Odeio presunção estilística e escrita rebuscada, muito embora ache mesóclise tão lindo quanto um por-de-sol visto de um avião ou o sorriso de uma de minhas filhas...
Amo ouvir vrido, prástico, apoi e ruma.
Adoro o som das coisas da minha terra como pitoco e tabacudo.
Odeio dicionários de pernabuquês, cearês, baianês e pqpês.
Adoro etimologia e ficar viajando que o povo fala "muitcho" por influência do espanhol.
Adoro escrita certinha, sem erros crassos, com parágrafos e muitos ponto-e-virgulas e crases.
Odeio "tão simples quanto", "bojo", "gancho" e todas as palavras da moda corporativa.
Adoro não saber usar por que e por quê - odeio mentir que adoro só por preguiça de não estudar pra entender...
Adoro Kafka, Saramago, Quintana, Bandeira e Antônio Maria por causa de um conto que li em pé na falecida Síntese e que nunca mais consegui achar de novo (quem tiver aquele que ele fala de uma mulher que vem do outro lado da calçada, pelo amor de Deus me mande!).
Odeio Coelho, Coelho, Lia Luft na Veja fazendo propaganda do novo livro dela e Coelho (todos o Paulo, porque o bichinho acho uma graça e uma delícia na brasa).
Adoro ter filha professora e amigas jornalistas e muito escrever muito.
Adoro ser lido, relido e comentado (isto é uma cantada, pra que não reste nenhuma dúvida!).

terça-feira, 6 de maio de 2008

As voltas que o mundo dá (?)

Diz Karl Marx em seu primeiro parágrafo de "O 18 Brumário de Luís Bonaparte" algo que li quando tinha uns 16 anos (é, faz tempo pra cacete mesmo...) e que no entanto nunca esqueci. Transcrevo:

"Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa."

Isso nunca saiu da minha cabeça. A frase sempre foi perturbadora, e enseja duas idéias igualmente terríveis: a história se repetir e fazê-lo como farsa. Acredito em parte nisso até hoje. Não que eu considere que todas as coisas estejam fadadas a um fim inexorável quando imaginamos estar diante de uma repetição de fatos/pessoas; antes, acho que de fato existe uma tendência, talvez às vezes por ansiosa condição nossa, de que as coisas acabem por virar uma caricatura do original sim, mas mais em virtude de uma tendência de escapar do novo. Submetemos uma situação ao gabarito de uma pré-existente porque nos é mais seguro, mais confortável.

Desvio um pouco do pensamento de Marx. Trago o pensamento dele para o campo das minhas coisas, mais mundanas mas não menos importantes...

Enfim, acredito que o novo pode ser de fato novo, se assim o permitirmos. Livre de amarras, de comparações, de pressupostos... A um só tempo deliciosamente desafiante e assustador. Penso hoje que parte de minhas experiências neste sentido tenham ficado presas a esta coisa de querer padronizar tudo.

O eterno retorno de Kundera talvez também não resista a esta ruptura desse novo-novo. Mesmo quando ele tem tudo pra ser um "de novo". Nunca é. Não pode ser, não tem como. As circunstâncias da vida da gente são outras, as pessoas, os tempos, as idéias e até os defeitos podem (e de fato o fazem) afetar esta pseudo-repetição.

E viva o novo. De novo!

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Vai aí um "perfil musical". Sempre achei o fim da picada aquela de "essa música é minha cara", sério mesmo... Mas pra um cara musical como eu, meio que não tem como escapar de me definir através de letras de músicas, algumas realmente maravilhosas.
Pra quem já teve o prazer (ou infelicidade, há quem ache) de cruzar meu caminho, tenho certeza que não vai ser novidade nenhuma. Pra quem nunca me viu mais gordo (falando francamente, nem eu mesmo...), segue como uma "cola", ou "fila" como falam na minha terra... Por ordem de relevância - hoje, ao menos:

Bola de meia, bola de gude (Milton Nascimento e Fernando Brant)
Tudo pela metade (Marisa Monte e Nando Reis)
Caçador de mim (Sérgio Magrão e Luís Carlos Sá)
Pense e dance (Dé, Frejat e Guto Goffi)
Escrúpulo (Lula Queiroga e Lenine)
Que o Deus venha (Frejat e Cazuza, sobre texto de Clarice Lispector)
Na boa, acho que ninguém vai ler isso... Nem sei se vou escrever sempre também, mas a idéia de poder colocar o que penso para que todos possam ler, saber, entender como penso (ou acho que penso) é bastante sedutora. Talvez satisfaça enfim minhas veleidades literárias; talvez seja só mais um monte de porcaria para ajudar a encher os discos do Datacenter do Google, sei lá... Não vai ter linha, propósito ou definição: apenas eu, um teclado e um monte de idéias na cabeça. Dig in!