terça-feira, 15 de julho de 2008

A única pérola do colar

Por mais uma feliz indicação, tive contato com (por enquanto apenas o site, mas irei certamente visitar na minha próxima viagem a São Paulo) o Museu da Pessoa

A idéia é simples (ou não, pensando bem...): a pessoa registra uma história qualquer vivida e esta passa a fazer parte do acervo do museum. Como disse quem me indicou, se mentir entra também, mas perde-se uma excelente oportunidade...

Pus-me a pensar: o quanto pode ser difícil contar uma história nossa? Querer ser engraçado? Querer parecer profundo? Tentar apelar para a dramaticidade? Não sei... Não me parece muito fácil. Nossa singularidade, por si, só já garante uma sombra de originalidade numa ação inusitada como esta. Mas até que ponto somos de fato singulares? Costumo dizer que todos buscamos a unicidade, mas somos reféns de nossos próprios nomes, logo de saída, que nos evita sermos tão originais assim (exceção feita para aqueles terríveis nomes inventados ou frutos de um matelassê ascendente nominal - tem que chamar assim, de nome mesmo, pois são próprios...).

Acho que no fundo todo mundo busca de um jeito ou de outro ser um pouco único. Não que o simples fato de existir já não nos garanta isto, afinal desde nossa percepção mais básica à complexa está alicerçada num sistema que parte até mesmo do orgânico (como enxergamos o azul ou a forma como ouvimos determinada música, de acordo com as nossas características/limitações auditivas a determinadas freqüências). Não é isso. Esta já nos é garantida. falo da outra, daquela que nos coloca como seres "diferentes".

Em contraponto a isso sempre pensei: se fossemos de fato assim, tão diferentes e distintos, como existiria a Psicologia, por exemplo? Como seria possível traçar uma linha evolutiva no pensamento filosófico ocidental? Quando entro por essa linha de pensamento, invariavelmente me vêm à mente duas coisas: Pavlov e o inconsciente coletivo.

Daí derivo para Sex And The City e toda sua horda de fãs maravilhadas com o rudimentar e estúpido, mas ao mesmo tempo inteligente (do ponto de vista comercial), jogo de dividir a psique feminina em 4 personagens e que fazem-nas, suprema burrice, como que por magia "encantarem-se" a ponto de dizerem "Ah, mas eu sou 25% Carie, 45% Miranda e o resto Samantha"...

Não sou igual a ninguém. Não quero ser. Mas também não sou tão diferente assim, vá lá... Quero apenas poder gozar do meu direito inalienável de ser eu mesmo. Do jeito que eu bem entender. E só.

(Tudo isso para dizer que sim, topo o que considero um verdadeiro desafio de escrever um conto...)

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