quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Desvão(-se) ou "Se de cada porta que se fecha, outra - bem melhor - abre-se"

Epígrafe:

"Estes valores não são absolutos, dependem exclusivamente do tipo de porta que você escolheu, o que terá de ser feito antes mesmo de iniciar a construção!" 


http://www.fazerfacil.com.br/Construcao/vao_porta.htm


Do vão da porta, em vão
Vejo-os. Todos.
Vêm e não veem eles;
Os dois mesmos naquele movimento diário
Do ir e vir
Sem mais se notarem.
Ouço-os a passos largos
Afastarem
A cada e deles o que tanto e tão bem atraía 
Diminuindo espaços,
Encurtando miopias...
Agora
Cegos, distantes,
Mal olhando, mal calculando o espaço onde
O esbarrar
Foi antes, motivo de festa:
"Eita!" Risos. "Foi mal..." Mais risos.

Agora, não. Não mais. 
Ruem-se pilares
Desvanecem-se olhares.
Nada mais.
E eu de cá,
Observo calmamente,
Enxergando alhures,
Contraditoriamente novos espaços, pessoas, (con)formações.
Desde que donde preso, liberto-me e espero
No infinito do espaço-tempo
Outros tais.
Que me façam lembrar e reafirmar
A condição primeva
De espaço que proporciono
A eles, a mim, a alguém;
liberto e me fazendo tão e tanto sentido ser
Num futuro por aqui
Já de novo sendo
Presente.
E por mim.

E por ela,
Do lado dela,
Dura, firme, tal-e-qual
Impenetrável
Que no entanto,
Apesar de tanto,
Ora negra, morena, afasta de todo o gris.
Do meu umbral
Cimentado noto.

Reinventando cores,
Movimentos improváveis.

E eis que me vejo
No que posso,
Entrecortado por tijolos, madeira, estuque,
Reintegrando
Nela e em mim também
Análoga
A condição.

Feliz.


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